É surpreendente a aproximação que os comandos das três forças armadas tem feito em relação aos graduados, sobretudo os de carreira, que são aqueles que tendem a passar mais de 30 anos nas instituições militares. Há pouco tempo atrás era frequente que comandos sequer comparecessem às formaturas de praças, e que estas nem mesmo figurassem nas “páginas” principais das Forças Armadas, hoje – a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos e em outras nações – se destaca o cuidado, imagens e até discursos proferidos pelos comandos das Forças Armadas para estimular a carreira dos jovens sargentos, citando carreiras bem sucedidas de militares que ingressaram em baixas graduações e se tornaram heróis.
Para se ter uma ideia, em uma das últimas promoções de oficiais generais quem discursou foi o Chefe do Estado Maior do Exército, nessa formatura de sargentos as palavras foram da lavra do próprio General de Exército Tomás Miguel Miné, o que demonstra uma clara intenção de manter a tropa coesa em torno do comando.
Texto do Comandante do Exército Brasileiro para sargentos recém formados
Prezados integrantes da Turma BICENTENÁRIO DO TEN ANTÔNIO JOÃO RIBEIRO! O Patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais nasceu na Vila de Poconé, Província de Mato Grosso, em 24 de novembro de 1823. Ingressou na Força como soldado voluntário em 6 de março de 1841, no Batalhão de Caçadores nº 12, sediado em Cuiabá, sua província natal. Forjou seu caráter e desenvolveu acentuado valor profissional no dia a dia da caserna, galgando as graduações de cabo e sargento. Pelos indiscutíveis méritos evidenciados ao longo da carreira, atingiu o oficialato, sendo promovido a alferes em 29 de julho de 1852. Em 1860, ascendeu com louvor ao posto de Primeiro Tenente.
No final de fevereiro de 1862, o Tenente Antônio João foi designado para comandar a Colônia Militar dos Dourados, ao sul da Província de Mato Grosso. Naquele posto, no início da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), enfrentou as tropas paraguaias e opôs-se à invasão do território brasileiro. A 29 de dezembro de 1864, liderando um pequeno grupo de destemidos, não se intimidou ante o assédio das forças paraguaias, que eram mais numerosas e mais bem equipadas. Enviou um mensageiro com um bilhete para o comandante do Distrito Militar de Miranda, com sede na Vila Nioaque. O texto transmitia a firme resolução para o cumprimento de seu dever militar: “Sei que morro, mas o meu sangue e o sangue de meus companheiros servirão de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria”.