Arqueólogos subaquáticos descobriram um edifício público de 1,8 mil anos submerso na ilha de Salamina, localizada a leste de Atenas, na Grécia. O local contém vários artefatos, incluindo um pedaço de mármore do século 4 a.C. com a representação de um homem nu e barbudo.
O indivíduo representado sem roupas está sendo coroado pela mão musculosa de um indivíduo — possivelmente o herói mitológico Ájax, da Guerra de Troia.
Segundo o Ministério da Cultura da Grécia, a imagem faz referência direta a uma representação similar em uma coluna de mármore votivo de aproximadamente 320 a.C., atualmente no Museu Arqueológico de Salamina. Nesta cena, o guerreiro aparece também “coroando um homem nu em um contexto da famosa festa Aianteia da juventude”.
Conforme a enciclopédia Britannica, Ájax foi o herói tutelar de Salamina, onde havia um templo e uma imagem sua, e onde se realizava tal festa em sua homenagem. O indivíduo lendário era filho de Telamon, rei de Salamina.
Ájax é descrito no poema “Ilíada”, de Homero (século 9 a.C.) como sendo de grande estatura e constituição colossal, perdendo apenas para o herói grego Aquiles em força e bravura. Diz a lenda que ele contratou Hector, o chefe guerreiro troiano, em combate individual.
Mais tarde, com a ajuda da deusa da caça Atena, Ájax resgatou o corpo de Aquiles das mãos dos troianos. O herói da Guerra de Troia então competiu com o grego Odisseu pela armadura de Aquiles, mas perdeu.
Escavação em edifício de 1,8 mil anos submerso na Grécia
Conforme conta a mitologia grega, a decepção de Ájax com a derrota o deixou louco. Ao recobrar o juízo, ele se matou com a espada que recebera de presente de Heitor. De seu sangue nasceu uma flor vermelha que trazia nas folhas as letras iniciais do seu nome, que também expressam lamento.
Artefatos submersos
Segundo o site Live Science, os restos submersos da cidade clássica de Salamina são investigados por arqueólogos há vários anos; em 2021, eles descobriram o muro de contenção que servia como sistema de fortificação da cidade antiga que por lá existiu.
O grande edifício público, descoberto em 2022, era chamado stoa e servia como uma passagem coberta que frequentemente cercava um espaço público aberto, como um mercado ou uma praça. O prédio tinha cerca de 6 metros de largura e 32 metros de comprimento.
Seu interior apresentava seis ou sete salas, mas os arqueólogos não conseguiram investigar todas elas. Uma sala, que tinha cerca de 4,7 por 4,7 metros, continha um grande poço de armazenamento.
Entre os artefatos encontrados na stoa, estão cerâmicas de várias épocas, grande parte da qual pode ter simplesmente chegado do mar. No entanto, os restos do passado clássico do edifício também foram descobertos, incluindo objetos de argila, como tampas de ânforas, cerca de duas dezenas de moedas de bronze e fragmentos de objetos de mármore.
A pesquisa subaquática de 2022 foi realizada com sucesso por uma equipe de 12 pessoas. “A identificação da stoa é um novo elemento significativo para o estudo da topografia e da organização habitacional da cidade antiga”, declarou o Ministério da Cultura da Grécia.