As vendas de celulares irregulares devem bater um ingrato recorde no quarto trimestre deste ano, abocanhando 21% do mercado. Houve alta em relação aos 17% registrados no terceiro trimestre, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) em conjunto com a consultoria IDC.
O chamado mercado não oficial passará de 4 milhões de unidades em 2022 para 5,5 milhões neste ano. A principal fornecedora de smartphones irregulares é a Xiaomi, com cerca de 80% de participação. Os produtos da empresa costumam ser importados da China para o Paraguai, e depois entram em território brasileiro por meios escusos.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (07), durante um encontro para o balanço de fim de ano da Abinee. Apesar do cenário considerado preocupante, a entidade não anunciou medidas concretas para coibir o avanço dos produtos irregulares.
Modus operandi do crime
Nas últimas semanas, o Tecnoblog ouviu relatos de uma verdadeira operação logística do crime na fronteira do Brasil com o Paraguai. Os produtos – normalmente o Redmi Note 12 – são trazidos por motoboys em pequenas quantidades, de modo que a fiscalização aduaneira não consiga pegá-los.
Na sequência, os lojistas colocam os produtos à venda em market places por preços entre 40% e 50% mais baratos do que os smartphones regulares. Aparelhos de R$ 2.599 saem por R$ 940 no esquema ilícito. A diferença está na certificação da Anatel, no carregador dentro do padrão nacional e no recolhimento dos impostos devidos.