A Polícia Civil do Maranhão investiga o caso em que uma aluna de 21 anos, do curso de medicina da Universidade Ceuma, em São Luís, denunciou ter sido vítima de ameaças e de psicofobia – preconceito com pessoas que possuem transtornos ou deficiências mentais. As ameaças foram praticadas por um colega de turma da jovem.
O caso ganhou repercussão nas redes sociais após a mãe da jovem, a professora Juliana Camarão, ter denunciado as ameaças sofridas pela filha. Por meio de mensagens, o agressor ofende a vítima, faz incitações ao suicídio e ao diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), o qual a jovem possui.
Segundo Juliana Camarão, os primeiros insultos começaram há cerca de um mês, em um grupo de WhatsApp com os alunos da turma de medicina. Ela diz que a filha teria discordado em um assunto envolvendo um dos professores do curso.
A partir disso, as ofensas contra a estudante começaram, incluindo a incitação ao suicídio. Ela conta que o jovem sabia da condição mental da filha e que em algumas outras vezes a jovem havia tentado contra a própria vida.
“A minha filha é da mesma turma desse rapaz e em uma divergência por conta de horários de professores, ele começou a desferir palavras de ódio e incitar ao suicídio, falando para ela ‘colocar uma corda no pescoço’. O que mais assustador é que ele sabia da condição da minha filha e sabia que ela tinha atentado contra a própria vida”, conta Juliana.
Juliana Camarão conta que mesmo após a denúncia, as ofensas continuaram. A mais recente aconteceu na segunda-feira (13).
Nas mensagens, divulgadas em uma rede social, o jovem incita novamente que a vítima pratique o suicídio, além de fazer outras ameaças físicas.
“As pessoas estão intolerantes que a opinião do outro, por ser contrária a ser aquilo que você pensa, você recebe um ódio desproporcional. Dessa vez, ele colocou emoji incitando o suicídio e injúria”, relatou a mãe da vítima.
Após o episódio, Juliana Camarão e a filha foram novamente à instituição de ensino para comunicar o caso. Em seguida, prestaram uma denúncia na Casa da Mulher Brasileira e, em 48 horas, uma medida protetiva de urgência contra o rapaz foi liberada. Ele deve manter 200 metros de distância da estudante e de nenhum familiar.
“Não se fala muito de psicofobia, mas o que esse rapaz fez, der expor o laudo da minha filha, de incitar ela a cometer suicídio, a psicofobia mata. Muitas pessoas entraram em contato comigo, inclusive pessoas que sofrem com transtornos e perderam pessoas por isso. Isso é crime”, explicou a professora.
Juliana Camarão relata que após tomar conhecimento de que a ela e a filha haviam feito a denuncia à polícia, o jovem chegou a publicar em uma rede social uma foto, em frente à Casa da Mulher Brasileira, em tom de deboche a atitude.
“O que me assusta é esse rapaz ser acadêmico de medicina. A pessoa para seguir nessa profissão, precisa ter empatia e como eu vou seguir em uma função de cuidar do outro, se eu hostilizo o outro e menosprezo os demais?”, questionou a professora.
Juliana Camarão ainda relatou que, após os novos ataques, a filha está muito abalada. Ela conta que desde o início da semana, a jovem não tem ido à faculdade e tem recebido muito carinho dos familiares e amigos.
“A força materna é de mil leões. É revoltante, quando a minha filha me ligou, ela não conseguia falar comigo, ela só chorava, isso para uma mãe é muito difícil em ver o quanto o ser humano é cruel. As pessoas não dão importância para saúde mental, minha vontade era que tivesse sido comigo”, disse a professora.