A Polícia Civil de Goiânia (GO) afirma que a advogada Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, que foi presa na última quarta-feira (20) sob suspeita de ter envenenado e matado um homem e a mãe dele, havia fingido estar grávida após ter terminado um relacionamento com o filho do indivíduo morto.
Entretanto, o delegado Carlos Alfama, responsável pelo caso, afirmou que a Polícia Civil fez exames na mulher e constatou que a gestação é falsa.
Segundo Alfama, uma semana após o fim do namoro, Amanda disse que estava grávida. “Ela anunciou a gravidez depois do término. Nós já verificamos também que ela não está grávida agora, e não está grávida há algum tempo, mesmo afirmando que tinha vômitos e enjoos da gravidez”, afirma.
O delegado diz que o crime teria sido motivado por um “sentimento de rejeição” pelo fim do relacionamento com Leonardo Filho, que durou cerca de 45 dias, e acabou em 10 de agosto.
A suspeita é de que Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86, tenham sido envenenados durante o café da manhã de domingo (17).
Mãe e filho foram internados com dores abdominais, vômitos e diarreia, e morreram ainda no domingo. Ainda não há exame laboratorial ou perícia que indique a presença de veneno na comida ou nos organismos dos três.
Inicialmente, cogitou-se uma intoxicação alimentar causada por produtos de uma doceria de Goiânia, o que a polícia descarta.
Ameaças
De acordo com o delegado, desde 27 de julho Leonardo Filho tem recebido ameaças diárias por perfis falsos em redes sociais, ligações telefônicas e mensagens. Tais ameaças já eram investigadas pela polícia, que concluiu que elas partiram de perfis falsos criados por Amanda.
Uma tecnologia era usada para mascarar o número original do celular que ligava e mandava mensagens. Este número de celular original está registrado no nome do irmão da Amanda e o número para recuperação de senha era o de Amanda, afirma o delegado. Leonardo Filho chegou a bloquear 100 números de telefone.
Além de Leonardo, a família era ameaçada. “Uma das ameaças dizia: ‘depois não adianta chorar em cima do sangue dele’”, relata o delegado. Segundo ele, a boa relação com a família era falsa. Amanda se negou a passar a senha do celular, que será periciado.
Como ocorreu o crime
Amanda, que mora em Itumbiara (a cerca de 210 km de Goiânia), estava hospedada em um hotel na capital do estado e foi a uma padaria comprar os alimentos que levou para o café. Após voltar ao hotel, foi à casa da família do ex, por volta das 10h de domingo, onde ficou até às 13h.
À mesa estavam Amanda, Leonardo Alves, a mãe dele, Luzia Tereza Alves, e o pai dele –avô do ex-namorado–, que a polícia identificou como João. O idoso ainda não prestou depoimento, mas a polícia foi informada que o ele não consumiu nada no café. Antes mesmo de Amanda ir embora, o ex-sogro começou a passar mal.
Amanda voltou para Itumbiara logo que saiu da casa do antigo namorado e, no caminho, recebeu mensagem do ex-sogro, na qual ele a orientava a buscar atendimento médico porque ele suspeitava que a comida estava estragada. A primeira suspeita da família foi intoxicação alimentar. Amanda só foi ao hospital à meia-noite, após saber da morte do ex-sogro.
A polícia logo descartou essa possibilidade porque, diz o delegado, a intoxicação ou infecção alimentar ocorre de forma diferente em cada pessoa e o ex-sogro e a idosa tiveram a mesma evolução. Além disso, o período entre o consumo do alimento e a morte seria mais longo.
Leonardo começou a passar mal por volta das 13h e morreu à noite. Já a mãe dele chegou a ser internada na UTI e morreu de madrugada.
Os exames para comprovar a presença de veneno nos produtos consumidos no café e a necropsia dos corpos ainda estão em andamento.
Prisão
Amanda foi presa em uma clínica psiquiátrica em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital. Segundo o delegado, ela teria sido internada pela família por volta do meio-dia de quarta (20), depois de ter tentado se matar com medicamento e acetona.
O delegado investiga supostos outros crimes praticados por Amanda em Itumbiara (MG) e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. Agora ela é investigada por duplo homicídio qualificado.
Suspeita nega crime
Ao ser presa, a advogada, que se apresenta nas redes sociais como psicóloga e terapeuta cognitiva, afirmou não ter “feito isso” e que “amava a família” do ex-namorado. Segundo a polícia, ela chegou a mostrar exames de gravidez à família do ex-namorado, mas no momento ela não espera um filho.
Ainda na noite de quarta, o advogado da suspeita, Carlos Marcio Macedo negou, em entrevista à imprensa, participação da cliente nas mortes. Ele disse ainda que Amanda estava internada em um hospital na hora da prisão.